MAL SECRETO
Por
Raimundo Correa
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Se a cólera que espuma, a dor que mora
N'alma, e destrói cada ilusão que nasce,
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se esplandesse;
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Se se pudesse, o espírito que chora,
Ver através da máscara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!
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Quanta gente que ri, talvez consigo
Guarda um atroz recôndito inimigo,
Como invisível chaga cancerosa!
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Quanta gente que ri, talvez existe,
Cuja ventura unica consiste
Em parecer aos outros venturosa!
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BREVE BIOGRAFIA
Raimundo da Mota Azevedo Correa, poeta brasileiro, nasceu á bordo do vapor São Luis, maranhão, a 13 de maio de 1860. Fez seus estudos na Faculdade de São Paulo, bacharelando-se em direito em 1882. Seguiu a carreira de magistratura até ao cargo de Juiz de direito; foi secretário da ligação brasileira em Portugal, professor da faculdade livre de direito de Minas Gerais, vice-reitor do Ginásio Fluminense de Petrópolis, membro da Academia Brasileira de Letras. Publicou: Primeiros Sonhos, 1879; poesias, algumas das quais já antes publicadas na Revista de Ciência e Letras; Sinfonias, 1883; Versos e Versões, 1887; Aleluias, 1891.
Nicéas Romeo Zanchett
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