Total de visualizações de página

domingo, 18 de dezembro de 2016

NATAL - Por Olavo Bilac


NATAL 
Jesus nasceu! Na abobada infinita
Soam cânticos vivos de alegria; 
E toda a vida universal palpita
Dentro daquela pobre estrebaria...
.
Não houve sedas, nem cetins, nem rendas
No berço humilde em que nasceu Jesus...
Mas os pobres trouxeram oferendas
Para quem tinha de morrer na Cruz. 
.
Sobre a palha, risonho, e iluminado
Pelo luar dos olhos de Maria, 
Vede o Menino-Deus, que está cercado
Dos animais da pobre estrebaria.
.
Não nasceu entre pompas reluzentes; 
Na humildade e na paz deste lugar, 
Assim que abriu os olhos inocentes, 
Foi para os pobres seu primeiro olhar. 
.
No entanto, os três reis da terra, pecadores, 
Seguindo a estrela que ao presépio os guia, 
Vieram cobrir de perfumes e flores
O chão daquela pobre estrebaria. 
.
Sobem hinos de amor ao céu profundo; 
Homens, Jesus nasceu Natal! Natal! 
Sobre esta palha está quem salva o mundo
Quem ama os fracos, quem perdoa o Mal! 
.
Natal! Natal! Em toda a Natureza
Há sorrisos e cantos, neste dia...
Salve, Deus da Humanidade e da pobreza, 
Nascido numa pobre estrebaria! 
.
Olavo Bilac, nesta poesia escrita para ser lida por jovens meninos e meninas, canta numa forma muito simples, porém de incontestável beleza, o espetáculo do nascimento de Jesus Cristo. 
Pesquisa e postagem Nicéas Romeo Zanchett 



O NATAL - Por Almeida Garrett


O NATAL 
O César disse do alto do seu trono: 
"Pereça a liberdade!
Quero contar os homens que há na terra, 
Que é minha a humanidade." 
E, cabeça a cabeça, como rezes, 
As gentes são contadas.
 Proconsulares e reis fazem resenha
Das escravas manadas, 
Para mandar a seu senhor de todos 
Que, um pé na Águia romana, 
Com outro oprime o mundo. A isto chegará
A vil progênie humana. 
E era noite de Belém, cidade ilustre 
Da vencida Judeia, 
Que a domada cabeça já não cinge 
Com a palma idumeia: 
Dos aflitos e pobres peregrinos 
Cansados vem chegando
Aos tristes muros, a cumprir do César  
O imperioso bando...
Tarde chegaram: já não há pousadas. 
Que importa que eles venham 
Da estirpe de Jessé, e o sangue régio 
Em suas veias tenham? 
Na geral servidão só uma avulta
Distinção - a riqueza; 
Na corrupção geral só uma avilta
Degradação - pobreza. 
Os filhos de David foram coitar-se 
No presépio entre o gado, 
E dos animais brutos receberam 
Amparo e agasalho. 
E ali nasceu Jesus. Ali a eterna, 
Imensa majestade
Apareceu no mundo - ali começa 
A nova liberdade! 
Pesquisa e postagem: Nicéas Romeo Zanchett