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sexta-feira, 15 de abril de 2011

AS ROSAS DE SANTA ISABEL - Por João de Lemos

                     AS ROSAS DE SANTA ISABEL - por João de Lemos
Onde ides, correndo, asinha,
Onde ides, bela Rainha
Onde ides, correndo, assim?
Por que andais fora dos passos?
Que pesos levais nos braços?
Og! Dizei-me agora a mim.
.
El-Rei, pergunta, e se espanta,
À nossa Rainha Santa,
Pergunta El-Rei Dom Diniz,
Que, de indústria, portas fora
Pelos  caminhos agora,
De indústria, encontrá-la quis.
.
A Santa, regalos novos,
Frutas, pão, e carne, e ovos,
No regaço e braços seus,
Sem cuidar ser surpreendida,
Ia levar farta vida
Aos pobrezinhos de Deus!
.
Coram-lhe as faces formosas,
E responde: - Levo rosas...
Don Diniz deitou-lhe a mão
Ao regaço, de repente,
Mas de rubra cor virente
Só rosas lá viu então!...
.
Como o tempo era passado
Nos jardins, no monte e prado,
De rosas e toda flôr,
El-Rei, cheio de piedade
Nas rosas de caridade
Viu a bênção do Senhor!
.
E daquele rosal dela,
Tirando uma rosa bela,
Que guardou no peito seu,
Disse-lhe: Em paz ide agora,
Que eu me encomendo, Senhora,
À Santa, ao Anjo do Céu.
.
BREVE BIOGRAFIA 
João de Lemos Lucas Castelo Branco, ilustre poeta português, nasceu no Peso de Regoa a 6 de maio de 1819, e morreu em Maiorca a 16 de Janeiro de 1890. Cursou direito na Universidade de Coimbra. Colaborador de Várias revistas, os seus poemas foram reunidos depois em volume com o título "Cansioneiro", do qual mais tarde se fez uma edição em três volumes. Muito religioso, dirigiu em 1842 e 1843 a revista "O Cristianismo". Escreveu "Maria Paes Ribeiro", drama em 4 atos, extraido de um conto seu do mesmo nome e representado em 1845 no Teatro Acadêminco de Coimbra, assim como "Um Susto Feliz", comédia em 2 atos. Miguelista fiel, associou-se ao movimento revolucionário conhecido por Maria da Fonte, sendo preso, e esteve em várias côrtes estrangeiras como delegado do infante proscrito. Além de vários volumes com as suas poesias, foram publicados: um folheto, sem seu nome, "Gomes de Abreu avaliado em todas as cores políticas", 1864; outro, homenagem a D.Miguel, À memória dele, Tributo saudoso da lealdade portuguêsa, 1867"; canções da tarde, 1875; Os Serões de Aldeia; O Tio Damião; O Clero e a Egreja Catholica e O Monge pintor, 1876.
Nicéas Romeo Zanchett
http://gotasdeculturauniversal.blogspot.com/
LEIA TAMBÉM >>> GOTAS DE LITERATURA UNIVERSAL

AMOR E PSICHE - Por Goethe

                                                             Escultura de Antônio Canova
                                             AMOR E PSICHE - Por Goethe
As musa, nove irmãs, quizeram certo dia,  
Com pasciência e vagar instruir na poesia
A donzela Psiche; mas este ser franzino, 
Prosaico se quedou, como era antes do ensino, 
Não logrando espertar a lyra em brandos ais, 
Nem mesmo ao refulgir das noites estivaes...
Porém, com igneo olhar, eis chega o Amor, de fora.
Em em poesias Psiche fica logo doutora.
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Pesquisa e postagem
Nicéas Romeo Zanchett 

http://amoresexo-arte.blogspot.com/

quinta-feira, 14 de abril de 2011

A MEDIDA DO TEMPO - Por Goethe

                                    A MEDIDA DO TEMPO - Por Goethe
- Aqui, Eros? P'ra quê de ampulhetas um par?
Dupla medida tens, leviano? - N'uma, a hora,
Se os amantes estão juntos, é voadora;
Se estão longe, na outra, expira de vagar.
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 Pesquisa e postagem
Nicéas Romeo Zanchett
http://gotasdeculturauniversal.blogspot.com/

A CANÇÃO DO MOÇO MONTANHÊS - Por Ludwig Uhland

    A  CANÇÃO DO MOÇO MONTANHÊS - Por Ludwig Uhland
Sou o moço pastor da montanha;
 Os castelos do vale domino;
Dá-me o sol sua luz desde a aurora,
E comigo é que mais demora; 
Sou o moço pastor da montanha!
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Da torrente este é o berço materno;
Bebo-a fresca ao jorrar do rochedo;
Ela brame a saltar pelas brenhas,
E eu recebo-a nos braços sem medo;
Sou o moço pastor da montanha!
.
Amontanha é meu livre domínio;
Pelos lados a cercam procelas;
Quando rugem do sul e do norte,
Canto um canto mais alto do que elas;
Sou o moço pastor da montanha!
.
Tenho aos pés o trovão e o raio,
Pois que moro no céu azulado;
Eu conheço-os de perto e lhes brado:
Respeitai de meu pai os penates!
Sou o moço pastor da montanha!
.
E no dia em que ouvir o rebate,
E vir fogos nos montes brilhando,
Descerei e entrarei nas fileiras,
A brandir minha espada, e cantando:
Sou o moço pastor da montanha!
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Ludwig Uhland, poeta lírico alemão, nasceu em Tubingen a 26 de Abril de 1787 e morreu na mesma cidade a 13  de Novembro de 1862. Suas canções e baladas figuram entre as mais famosas da literatura alemã. Algumas de suas poesias líricas chegaram a ser canções típicas do povo germânico.  Publicou: Gedichte und Dramem (Poesias e Dramas, 1876 - após sua morte), Schriften zur Geschichte der Dichtung und Sage ( Escritos sobre a história da poesias e da lenda,  1865 -73), entre outros.
Nicéas Romeo Zanchett
http://gotasdeculturauniversal.blogspot.com/

CANÇÃO DE MIGNON - Por Goethe

                               CANÇÃO DE MIGNON - Por Goethe
Conheces a região do laranjal florido?
Ardem, na escura fronde, em brasa os pomos d'ouro,
No céu azul perpassa a brisa n'um gemido,
A murta nem se move e nem palpita o louro...
Não a conheces tu?
                    Pois lá... bem longe, além
Quisera ir-me contigo ó meu querido bem!
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A casa, sabes tu? em luzes brilha toda,
E a sala e o quarto. O teto em colunas descansa.
Olham, como a dizer-me, as estátuas em roda:
- Que fizeram de ti, ó misera criança!
Não a conheces tu?
                     Pois lá...bem longe, além
Quisera ir-me contigo, ó meusenhor, meu bem!
.
Conheces a montanha ao longe enevoada?
A alimaria procura entre nevoas a estrada...
Lá, a caverna escura onde o dragão habita,
E a rocha d'onde a prumo a água se precipita...
Não a conheces tu?
                     Pois lá... bem longe, além,
Vamos, ó tu meu pai e meu senhor, meu bem!
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A personagem de Mignon foi criada por Goethe no seu romance  "Wilhelm Meister".  Mignon cai nas mãs de dançarinos de corda, e é depois recolhida por Wilhelm Meister, por quem ela se afeiçôa profundamente. A popularidade dessa personagem é devida sobretudo à canção que Goethe põe em sua boca, exprimindo com extraordinária e penetrante melancolia a saudade da pátria perdida.
Nicéas Romeo Zanchett
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OS TRIUNFOS DA REVOLUÇÃO - (Francesa) por Fernando Leal

                   OS TRIUNFOS DA REVOLUÇÃO - Fernando Leal
                               I
                    ROBESPIERRE
Que sempre o velho mundo em fúria berre,
Foi ele quem fundou um mundo novo!
O seu sistema do "Terror" não louvo...
Mas onde está um homem que não erre?
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É justo que o seu nome os reis aterre:
Foi ele quem partiu o fértil ovo
D'onde se alou para o Direito o povo;
Foi ele, o grande estoico, Robespierre.
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Proscritor, como em Roma Sylla e Mário,
Embora o sangue seja o seu estigma,
Fez homens livres, sendo sanguinário.
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A sua alma era um negro e fundo enigma,
Sua bandeira um lugubre sudário;
Mas foi de cidadãos um paradigma.
                          II
                  MARAT
Como um tigre ama os filhos, ele amava
O povo com sinistro amor insano;
Ele era "o velho sofrimento humano";
Do seu crâneo - um vulcão! - safa lava.
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Viveu numa caverna, em fúria brava,
Pedindo sangue como o Siva indiano,
Rugindo contra todo o vil tirano
De cujo despotismo suspeitava.
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Acaso foi desses heróis sublimes,
Que, só por muito amor, cometem crimes?
Gritam os déspotas: "Chacal! chacal!"
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Responde a história: "Tinha uma doença,
Que teve Sylla, a precisão imensa
De suspeitar o Crime e crêr no Mal!
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                        III
                  DANTON
Leão no arrojo, era um titan na altura;
Terrivel, feio, audaz, mas amorável,
Os déspotas achavam-no indomável,
Sua mulher vencia-o com ternura,
.
Dos três a mais simpática figura,
Tinha da sua roça o gênio instável;
Não teria um caráter impecável,
Se é verdadeira a história que o censura,
.
Mas o filósofo, que importam vagas
Denúncias, vis acusações, torpêzas!
Mar da Revolução, que o mundo alagas,
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Quem te rompeu os diques e as reprezas?
Quem foi que te excitou, primeiro, as vagas?
Foi ele - derrubando as realêzas.
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Fernando Leal, poeta e prosador portugês, nasceu em Margão, Índia, a 5 de Outubro de 1846, onde morreu em 1910. feitos os seus estudos preparatórios, alistou-se como voluntário no antigo regimento de Cavalaria de Nova Gôa, matriculando-se em seguida na escola Militar  daquele Estado. Em 1908 fêz parte, como 2° tenente, da expedição contra o Bonga de zambezia. Foi ajudante  de campo de seu tio Fernando da Costa Leal, quando governador de Moçambique, secretário da missão diplomática ao Transvaal para negociar  com os boers os limites, comécio e amizade. Veio para Lisbôa em 1871, sendo transferido para o Exército em 1874. Publicou, além de vários trabalhos oficiais: Elefantes e Monstros, episódio da insurreição indiana de 1857, 1876; Reflexos e Penumbras, poesias, 1879; Palmada na pança de John Bull, 1884; Relâmpagos, versos, 1888; Livro da Fé. prosa e verso, 1898; entre outros.
 Deixou também vários trabalhos literários em francês.
Nicéas Romeo Zanchett
http://gotasdeculturauniversal.blogspot.com/

quarta-feira, 13 de abril de 2011

A LIBERDADE - por Bocage

                                     A LIBERDDE - por Bocage
Liberdade, onde estás? Quem te demora?
Quem faz que o teu influxo em nós não caia?
Porque (triste de mim!) porque não raia
Ja na esfera de Lysia a tua aurora?
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Da santa redenção é vinda a hora
A esta parte do mundo, que desmaia;
Oh! Venha... Oh! Venha, e trêmulo descaia
Despotismo feroz, que nos devora!
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Eia! Acode ao mortal, que frio e mudo
Oculta o pátrio amor, torce a vontade,
E em fingir, por temor, empenha estudo:
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Movam nossos grilhões tua piedade;
Nosso numem tu és, e gloria, e tudo,
Mãe do gênio e prazer, oh Liberdade!
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Manuel Maria Barbosa du Bocage, poeta portugues, nasceu em Setubal a 15 de Setembro de 1765 e morreu a 21 de Dezembro de 1805.  Cursou os estudos militares, e como guarda-marinha partiu para a Índia de onde fugiu para a China, regressando a Portugal em 1790. Em 1797 foi preso pela autoria de "Papéis Ímpios e Sediciosos". Dotado de raras faculdades, esbanjou o seu talento em improvisações.  Acabou a vida traduzindo poemas didáticos francêses.
Nicéas Romeo Zanchett
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