A PÉROLA
Por Inácio Raposo
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Nasci no mar, num côncavo rosado,
Serena apareci;
Mas finou-se-me a ideia do passado,
Da concha em que nasci...
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Sobre o necado colo em que repouso,
Longe do frio mar,
Descubro a cada instante um novo gozo
Que me leva a sonhar.
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Prefiro assim, viver no colo dela,
Todo feito de amor,
Mar que não tem penhasco, nem pérola,
Nem ríspido furor!...
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BREVE BIOGRAFIA
Encontrei muito pouca coisa sobre o autor desta joia rara.
Inácio Raposo, foi um excelente poeta brasileiro. Nasceu em Alcântara - Maranhão -, em 16 de junho de 1875. Publicou: "Protofonsos", 1901; Cânticos, 1910.
Foi um brilhante poeta que não merece ser esquecido. (Se alguém tiver mais informações, por favor, me ajude a melhorar sua biografia).
Nicéas Romeo Zanchett
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Pesquisando sobre ele, fiquei muito satisfeita em saber do seu interesse pelo poeta Inácio Raposo, meu tio- avô, cujas obras procurei reconstituir, por meio de cópias [xérox], do que existia, comigo e na Biblioteca Pública Benedito Leite, em São Luís, que mandei encadernar, fazendo entrega de uma via de cada ao então presidente da Academia Maranhense de Letras, pelo interesse que ele demonstrou pelas mesmas. Coloco-me à disposição para repassar-lhe aquilo que eu disponha sobre esse autor maranhense que possuía grande cultura e foi poeta, romancista, orador, historiador, contista, filósofo, teatrólogo (escreveu com Catulo da Paixão Cearense a opereta sertaneja, O Marrueiro, levada à cena, simultaneamente, no teatro São José e no teatro São Pedro, hoje São Caetano, no Rio de Janeiro.Um jornalista maranhense, há alguns anos atrás, fez-lhe uma crônica, no então Jornal do Dia, questionando a omissão de alguns em fazê-lo lembrado para as novas gerações. Sobre ele, há uma Escola Municipal de Ensino Fundamental e um Jardim de Infância, com seu nome, em Alcântara, onde nasceu; uma rua no bairro de Fátima, em São Luís; e uma Escola de Ensino Fundamental na zona rural do Município de Santa Luzia. Do seu livro Cânticos [do qual gosto muito] aqui vão algumas estrofes do poema O Orvalho: "Sobre uma rosa entreaberta /Que desperta/ Á luz que raiando vem,/ Tomba uma gota de orvalho,/ Treme o galho, / Treme o galho e a flor também. E a rosa inclinando a coma, Solta aroma,/Aroma de embriagar: / Enquanto o orvalho indiviso/ Num sorriso/ Procura um beijo lhe dar... / Vendo rosa com malícia/ Tal carícia, / Volve o rosto e o orvalho cai;/ Como lágrima sentida,/ Já sem vida,/ Rola por terra e se esvai {...}
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