O CAÇADOR E A DONZELA ENCANTADA
De um Romance Popular
Por Nicéas Romeo Zanchett
.
O caçador vai à caça
À caça de montaria;
Os cães já leva cansados,
O falcão perdido havia.
Andando se lhe fez a noite;
Por uma mata sombria,
Arrimou-se a uma azinheira,
A mais alta que ali via.
Foi ao levantar os olhos,
Viu coisa maravilhosa;
No mais alto da ramada,
Uma donzela tão linda!
Dos cabelos da cabeça
A mesma árvore vestia,
Da luz dos olhos tão viva
Todo o bosque se alumia.
Ali falou a donzela,
Já vereis o que dizia;
- Não te assustes, cavaleiro,
Não tenhas tanta agonia;
Sou filha de um rei coroado,
De uma bendita rainha.
Sete fadas me fadaram,
Nos braços de mi'madrinha,
Que estivesse aqui sete anos,
Sete anos e mais um dia;
Hoje se acabam os anos,
Amanhã se conta o dia.
Leva-me, por Deus te peço,
Leva-me em tua companhia.
.
- Espera-me aqui, donzela,
Té amanhã, que é o dia;
Que eu vou-me a tomar conselho,
Conselho com minha tia.
.
Responde agora donzela,
Que bem que lhe respondia!
- Oh, mal haja o cavaleiro,
Que não teve cortesia;
Deixa a menina no monte.
Sem lhe fazer companhia!
.
Ela ficou no seu ramo,
Ele foi-se a ter co'a tia...
Já voltava o cavaleiro,
Apenas que rompe o dia;
Corre por toda essa mata,
A enzinha não descobria.
Vai correndo e vai chamando,
Donzela não respondia;
Deitou os olhos ao longe,
Viu tanta cavalaria,
De senhores e fidalgos
Muito grande tropelia.
Levavam a linda infanta,
Que era já contado o dia.
.
O triste cavaleiro
Por morto no chão caia;
Mas já tornava aos sentidos
E a mão à espada metia;
- Oh, quem perdeu oque eu perco
Grande pena merecia!
Justiça faço em mim mesmo
E aqui me acabo co'a vida.
.
Trata-se de um Romance Popular antigo.
Nicéas Romeo Zanchett
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