CÍRCULO VICIOSO
Por Machado de Assis
Bailando no ar, gemia inquieto vaga-lume;
Quem me dera que fosse aquela loura estrela
Que arde no eterno azul, como uma eterna vela!
Mas a estrela, fitando a lua, com ciume;
Pudesse eu copiar-te o transparente lume
Que da grega coluna à gótica janela,
Contemplou, suspirosa, a fronte amada e bela!
Mas a lua, fitando o sol, com azedume;
Mísera! tivesse eu aquela enorme, aquela
Claridade imortal que toda a luz resume!
Mas o sol, inclinando a rutila capela;
Pesa-me esta brilhante aureola de nume...
Enfara-me esta azul e desmedida umbela...
Porque nasci eu um simples vaga-lume?
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Pesquisa e Postagem: Nicéas Romeo Zanchett
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