O VAGA-LUME
Por Fagundes Varela
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Quem és tu pobre vivente,
Que passas triste sozinho,
Trazendo os raios da estrela
E as asas do passarinho?
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A noite é negra, raivosos
Os ventos sopram do sul;
Não temes, doido, que apaguem
A tua lanterna azul?
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Quando apareces, o lago
De estranha luzes fulgura;
Os mochos voam medrosos,
Buscando a floresta escura.
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As folhas brilham, refletem,
Como espelhos de esmeralda;
Fulge o iris nas torrentes
Da serrania na fralda.
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O grilo salta das sarças,
Pulam gênios nos palmares,
Começa o baile dos silfos
No seio dos nenuphares.
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A tribo das borboletas,
Das borboletas azuis,
Segue teus giros no espaço,
Mimosa gota de luz.
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São elas flores sem haste,
Tu és estrela sem céu;
Procuram elas as chamas,
Tua amas da noite o véu.
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Onde vais, pobre vivente,
Onde vais triste, mesquinho.
Levando os raios da estrela
Nas asas do passarinho?
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Os vaga-lumes são insetos que possuem a faculdade de brilhar, e que às vezes enchem a noite de moveis pontos luminosos.
Nesta obra, Fagundes Varela diz, expressamente, que eles trazem "os raios da estrela e as asas do passarinho", e descreve poeticamente o efeito que produzem volitando no campo.
Nicéas Romeo Zanchett
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