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sexta-feira, 23 de abril de 2021

SEUS OLHOS -

 


Seus olhos negros, tão belos, tão puros, 
De vivo luzir,
Estrelas incertas, que as águas dormentes 
Do mar vão florir; 
.
Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros, 
Tem meiga expressão, 
Mais doce que a brisa, - mais doce que o nauta
De noite cantando, - mais doce que a flauta
Quebrando a solidão. 
.
Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros, 
De vivo luzir, 
São meigos infantes, gentis, engraçados, 
Brincando a sorrir. 
.
São meigos infantes, brincando, alando 
Em jogo infantil. 
Inquietos, travessos; - causando tormento, 
Com beijos nos pagam a dor de um momento,
Com modo gentil. 
.
Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros, 
Assim é que são; 
às vezes luzindo, serenos, tranquilos, 
Às vezes vulcão! 
.
Às vezes, oh! sim, derramam tão fraco, 
Tão frouxo brilhar, 
Que a mim me parece que o ar lhes falece,
E os olhos tão meigos, que o pranto umedece, 
Me fazem chorar. 
.
Assim lindo infante, que dorme tranquilo,
 Desperta a chorar; 
E mudo e sisudo, cismando mil coisas, 
Não pensa - a pensar. 
.
Nas almas tão pura da virgem, do infante
Às vezes do céu 
Cai doce harmonia duma harpa celeste, 
Um vago desejo; e a mente se veste 
Do pranto com um véu.
.
. Quer sejam saudades, quer sejam desejos 
Da pátria melhor;  
Eu amo seus olhos que choram sem causa 
Um pranto sem dor. 
.
Eu amo seus olhos, tão negros, tão puros, 
De vivo fulgor; 
Seus olhos que exprimem tão doce harmonia, 
Que falam de  amores com tanta poesia, 
Com tanto pudor.
.
Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros, 
Assim é que são; 
Eu amo esses olhos que falam de amores 
Com tanta paixão. 

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