A MULHER AMÁVEL
Por Ângelo Poliziano
Cândida é ela, e cândida é como está
A veste de erva e flores matizada,
Desce na humilde e majestosa testa
Da áurea cabeça a madeixa anelada.
Ri-se dela ao redor toda Floresta
Em mitigar-lhe as penas esforçada;
Nos atos mostra mansa e real alma
E com seus olhos a tormenta calma.
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Nestes lhe brilha um ar doce e sereno,
E ali Cupido esconde o facho ardente;
Todo ao redor se torna o ar ameno
Onde quer que voltada olhe clemente.
De celeste alegria o rosto é pleno,
De rosas, lhe é pintado docemente,
Calam-se as auras ao falar que encanta;
Toda avezinha em sua língua canta.
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Se pega na viola a crês Thalia;
E crês Minerva se ela empunha a hasta;
De aljava ao lado, e arco na mão, diria,
Jurando o lábio, que é Diana casta;
Ante ela triste a raiva se desvia,
Diante dela a soberba pouco basta.
Toda a doçura a vai acompanhando;
Beleza e Graça a dedo a vão mostrando.
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A segue a Honestidade humilde e lhana
Que duros corações abre com a chave;
A segue a Gentileza em vista humana,
Dela se aprende o doce andar suave;
Não a encara alma vil, se se não dana
Antes dos erros seus com pesar grave.
Tantas almas Amor conquista e abala,
Quanto ela doces tem o riso e a fala.
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BREVE BIOGRAFIA
Ângelo Poliziano, poeta italiano, nasceu em Montepulciano, Toscana, a 14 de julho de 1454. Foi professor da Universidade de Florença, cidade em que morreu a 24 de Setembro de 1494. Publicou, em italiano, os poemas "La Giostra e Orfeo", 1493; e em latim, "Rusticus, Nutricia, etc., bem como estudos críticos e traduções do grego. Foi um homem muito culto e grande poeta.
Nicéas Romeo Zanchett
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