CANÇÃO DOS PIRATAS
Por Lord Jorge Noel Gordon Byron
(Lord Byron)
.
Sobre as ondas do mar azul ferrete
Sem limites são nossos pensamentos,
E como as ondas, nossas almas livres.
Cobrindo a vaga da fervente escuma
Nós temos uma pátria! Eis os domínios
Onde flutua o pavilhão que é nosso,
Cetro a que devem humilhar-se todos!
Turbulenta e selvagem quando passa
Turbulenta e selvagem quando passa
Da luta ao ócio, em tais alternativas
A vida para nós tem mil encantos!
Mas estes, oh! quem pode descrevê-los?
Não será tu, escravo dos deleites,
Tu, que ao ver-te no cimo inconsciente
Das alterosas vagas desmaiaras!
Não será tu, vaidoso aristocrata,
Educado no vício e na opulência,
Tu, que nem podes repousar no sono,
nem achar atrativos nos prazeres.
Oh! quem pode no mundo compreendê-los?
A não ser o incansável peregrino
Destes plainos que ficam sem vestígios,
Do qual o coração afeito aos perigos
pula orgulhoso em delirante júbilo
Quando se vê sobre o revolto abismo!
Só ele presa a luta pela luta
E espera ansioso a hora do combate.
Quando o fraco esmorece apenas sente
No mais profundo do agitado seio
A esperança que vivia desponta
E o fogo da coragem que se acende!
Não nos assusta a morte, oh! não, contanto
Que a nossos pés sucumba o inimigo.
E contudo mais triste que o repouso
Ainda parece a morte! mas embora,
Embora, oh! pode vir! ao esperá-la
Vai-se exaurindo a essência desta vida,
E quando ela se acaba pouco importa!
Cair pela doença ou pela espada!
Haja um ente que prese ainda algum resto
De existência senil! viva aspirando
Sobre o leito da dor um ar pesado,
Erguendo a custo a trêmula cabeça!
Para nós são as relvas florescentes!
Enquanto essa alma expira lentamente
Foge a toda a pressão dum salto a nossa!
Possa ainda ufanar-se esse cadáver,
Da cova estreita e do marmóreo túmulo
Que a vaidade dos seus lhe consagrara!
São raras, mas sinceras nossas lágrimas,
Quando o oceano abrindo-se sepulta
No vasto seio os nossos camaradas!
Ainda mesmo no meio dos banquetes
Funda tristeza nos rebenta d'alma
Quando a purpúrea taça erguendo aos lábios
A memória dos nossos coroamos.
E o seu breve epitáfio é redigido
Ao pôr do sol do dia da batalha,
Ao dividir as presas da vitória,
Quando a exclamam os rudes vencedores
Com a fonte anuviada de saudades:
"Ai, de nós! como os bravos que morreram
"Ai, de nós! como os bravos que morreram
Folgariam ditosos nesta hora!
Lord Byron
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Nicéas Romeo Zanchett
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