AS ROSAS DE SANTA ISABEL - por João de Lemos
Onde ides, correndo, asinha,
Onde ides, bela Rainha
Onde ides, correndo, assim?
Por que andais fora dos passos?
Que pesos levais nos braços?
Og! Dizei-me agora a mim.
.
El-Rei, pergunta, e se espanta,
À nossa Rainha Santa,
Pergunta El-Rei Dom Diniz,
Que, de indústria, portas fora
Pelos caminhos agora,
De indústria, encontrá-la quis.
.
A Santa, regalos novos,
Frutas, pão, e carne, e ovos,
No regaço e braços seus,
Sem cuidar ser surpreendida,
Ia levar farta vida
Aos pobrezinhos de Deus!
.
Coram-lhe as faces formosas,
E responde: - Levo rosas...
Don Diniz deitou-lhe a mão
Ao regaço, de repente,
Mas de rubra cor virente
Só rosas lá viu então!...
.
Como o tempo era passado
Nos jardins, no monte e prado,
De rosas e toda flôr,
El-Rei, cheio de piedade
Nas rosas de caridade
Viu a bênção do Senhor!
.
E daquele rosal dela,
Tirando uma rosa bela,
Que guardou no peito seu,
Disse-lhe: Em paz ide agora,
Que eu me encomendo, Senhora,
À Santa, ao Anjo do Céu.
.
BREVE BIOGRAFIA
João de Lemos Lucas Castelo Branco, ilustre poeta português, nasceu no Peso de Regoa a 6 de maio de 1819, e morreu em Maiorca a 16 de Janeiro de 1890. Cursou direito na Universidade de Coimbra. Colaborador de Várias revistas, os seus poemas foram reunidos depois em volume com o título "Cansioneiro", do qual mais tarde se fez uma edição em três volumes. Muito religioso, dirigiu em 1842 e 1843 a revista "O Cristianismo". Escreveu "Maria Paes Ribeiro", drama em 4 atos, extraido de um conto seu do mesmo nome e representado em 1845 no Teatro Acadêminco de Coimbra, assim como "Um Susto Feliz", comédia em 2 atos. Miguelista fiel, associou-se ao movimento revolucionário conhecido por Maria da Fonte, sendo preso, e esteve em várias côrtes estrangeiras como delegado do infante proscrito. Além de vários volumes com as suas poesias, foram publicados: um folheto, sem seu nome, "Gomes de Abreu avaliado em todas as cores políticas", 1864; outro, homenagem a D.Miguel, À memória dele, Tributo saudoso da lealdade portuguêsa, 1867"; canções da tarde, 1875; Os Serões de Aldeia; O Tio Damião; O Clero e a Egreja Catholica e O Monge pintor, 1876.
Nicéas Romeo Zanchett
http://gotasdeculturauniversal.blogspot.com/
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