O NATAL
O César disse do alto do seu trono:
"Pereça a liberdade!
Quero contar os homens que há na terra,
Que é minha a humanidade."
.
E, cabeça a cabeça, como rezes,
As gentes são contadas.
Proconsulares e reis fazem resenha
Das escravas manadas,
Para mandar a seu senhor de todos
Que, um pé na Águia romana,
Com outro oprime o mundo. A isto chegará
A vil progênie humana.
E era noite de Belém, cidade ilustre
Da vencida Judeia,
Que a domada cabeça já não cinge
Com a palma idumeia:
Dos aflitos e pobres peregrinos
Cansados vem chegando
Aos tristes muros, a cumprir do César
O imperioso bando...
Tarde chegaram: já não há pousadas.
Que importa que eles venham
Da estirpe de Jessé, e o sangue régio
Em suas veias tenham?
Na geral servidão só uma avulta
Distinção - a riqueza;
Na corrupção geral só uma avilta
Degradação - pobreza.
Os filhos de David foram coitar-se
No presépio entre o gado,
E dos animais brutos receberam
Amparo e agasalho.
E ali nasceu Jesus. Ali a eterna,
Imensa majestade
Apareceu no mundo - ali começa
A nova liberdade!
Pesquisa e postagem: Nicéas Romeo Zanchett
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