A CANÇÃO DO REI THULER
Por Goethe
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Era uma vez um bom rei
Em Thule - essa ilha distante.
Ao morrer, deixou-lhe a amante
Um copo de ouro de lei.
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Era um copo de ouro fino
Todo lavrado a primor;
Se fosse o cálix divino
Não lhe tinha mais amor.
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Seus tristes olhos leais
Não tinham outra alegria;
E só por ele bebia,
Nos seus banquetes reais.
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Chegada a hora da morte
Pôs-se o rei a meditar
Grandeza da sua sorte
Seus reinos à beira-mar.
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Deixava um rico tesouro,
Palácios, vilas, cidades;
De nada tinha saudades,
A não ser do copo de ouro .
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No castelo da devesa,
Naquelas salas sem fim,
Mandou armar uma mesa
Para um último festim.
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Convidou sem mais tardar
Os seus fieis cavaleiros,
Para os brindes derradeiros
No castelo à beira-mar.
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Então, vazando-o de um trago,
E com entranhada mágoa,
Pôs nas ondas o olhar vago
E atirou com a taça à água.
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Viu-a boiar suspendida,
Até que as ondas a levaram;
Os olhos se lhe toldaram,
E não bebeu mais em vida!
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Goethe
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Nicéas Romeo Zanchett
poema ingênuo muito bom..
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