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segunda-feira, 16 de setembro de 2013

LUCY - Por Guilherme Wordsworth - Trad. Fernando Pessoa


LUCY 
Obra de Guilherme Wordsworth 
Tradução de 
Fernando Pessoa 
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De ínvias fontes ao pé vivia ela, 
E de escusos caminhos; 
Ninguém dava louvores à donzela, 
Muito poucos, carinhos; 
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Uma violeta de uma pedra ao pé, 
Meio oculta ao olhar! 
- Bela como uma estrela quando é 
A única a brilhar! 
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Viveu só. Pouca gente saberia
Quando foi seu fim; 
Mas está morta, morta, e - oh agonia! - 
A diferença pra mim!...
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Três anos, noite e dia, cresceu ela, 
E a natureza disse: "Flor mais bela
Nunca a terra antes tinha"; 
Tomarei para mim esta criança, 
E farei dela, com sutil mudança
Uma senhora minha. 
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" À minha predileta impulso e lei
Saberei ser, e ao pé de mim farei
Que ela possa sentir
Em céu e terra, na floresta ou mar, 
Um Supremo Poder para a animar
Ou para dirigir. 
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Ela alegre será como a donzela
Que corre louca pelo prado, ou pela 
Fria montanha aérea; 
Dela será a fresca e simples alma, 
Cheia de grave e silenciosa calma
Das coisas da matéria. 
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Às nuvens dar-lhe-hão a sua graça, 
E o vime a sua, quando o venta passa; 
Nem lhe será escuro
Na própria tempestade o ritmo informe
Que em beleza o seu corpo vigem forme
Por um influxo obscuro. 
.
As estrelas da noite ser-lhe-hão caras, 
O ouvido inclinará para as fontes claras, 
E onde a aragem passe
E os cantos dos rivais riachos misture-os;
E a beleza nascida dos murmúreos
Passar-lhe-há para a face. 
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E vitais sentimentos de alegria
dar-lhe-hão a graça desenvolta e esguia, 
E à tez suave matiz; 
Darei a Lucy estes pensamentos, 
E viveremos límpidos momentos
Nesta estância feliz."
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 E a natureza fez como falou. - 
Mas ah! quão cedo Lucy nos deixou! 
Morreu, deixou-me cá
Este prado, esta calma que me dói, 
A memória de tudo quanto foi 
E nunca mais será. 
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Um sono o meu espírito fechava
Pra receios humanos; 
Ela parecia coisa já não escrava 
Do contato dos anos. 
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Já não ouve nem vê, nem força nua
Ou movimento encerra; 
Arrastada com a rocha e a erva sua
Na rotação da terra. 
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   BREVE BIOGRAFIA 
Guilherme Wordsworth, poeta inglês, nasceu em Cockermouth a 7 de Abril de 1770 e foi educado em Hawkshead e na Universidade de Cambridge. Percorreu a França e a Suíça em 1791 e 1792, e as sua impressões da Revolução estão descritas no Prelude. Em 1798 apareceram Lyrical Ballads e em 1814 The Excursion. Entre os outros seus poemas contam-se The White  Doe of Rylstone ( A Corça Banca de Rylstone), 1815; Peter Bell e The Waggoner (O carreiro), 1819; Sonnetz (1838). Morreu a 23 de Abril de 1850.
Nicéas Romeo Zanchett 
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