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domingo, 23 de fevereiro de 2014

A CANÇÃO DO REI THULE - Por Goethe


A CANÇÃO DO REI THULER 
Por Goethe 
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Era uma vez um bom rei 
Em Thule - essa ilha distante. 
Ao morrer, deixou-lhe a amante
Um copo de ouro de lei. 
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Era um copo de ouro fino
Todo lavrado a primor; 
Se fosse o cálix divino
Não lhe tinha mais amor. 
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Seus tristes olhos leais
Não tinham outra alegria; 
E só por ele bebia, 
Nos seus banquetes reais. 
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Chegada a hora da morte
Pôs-se o rei a meditar
Grandeza da sua sorte
Seus reinos à beira-mar. 
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Deixava um rico tesouro,
Palácios, vilas, cidades; 
De nada tinha saudades, 
A não ser do copo de ouro .
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No castelo da  devesa, 
Naquelas salas sem fim, 
Mandou armar uma mesa
Para um último festim.  
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Convidou sem mais tardar 
Os seus fieis cavaleiros, 
Para os brindes derradeiros
No castelo à beira-mar. 
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Então, vazando-o de um trago, 
E com entranhada mágoa, 
Pôs nas ondas o olhar vago
E atirou com a taça à água.  
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Viu-a boiar suspendida, 
Até que as ondas a levaram; 
Os olhos se lhe toldaram, 
E não bebeu mais em vida!
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Goethe 
Nicéas Romeo Zanchett 

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Y - JUCA - PYRAMA - Por Gonçalves Dias

Y - Juca - Pyrama (Sc.de Sá) 

PRIMEIROS VERSOS 
No meio das tabas de amenos verdores, 
Cercados de troncos - coberto de flores, 
Ateiam-se os tetos da altiva nação; 
São muitos seus filhos, no ânimos fortes, 
Temíveis na guerra, que em densas cortes
Assombram das matas a imensa extensão. 
São rudos, severos, sedentos de glória, 
Já prélios incitam, já cantam vitória, 
Já meigos atendem à voz do cantor; 
São todos Timbiras, guerreiros valentes! 
Seu nome lá voa na boca das gentes, 
Condão de prodígios, de glória e terror! 


As tribos vizinhas, sem forças, sem brio, 
As armas quebrando, lançando-as ao rio, 
O incenso aspiram dos seus maracás; 
Medrosos das guerras que os fortes acendem, 
Custosos tributos ignavos lá rendem, 
Aos duros guerreiros sujeitos na paz. 


No centro da taba se estende um terreiro, 
Onde ora se aduna o concílio guerreiro
Da tribo senhora, das tribos servis; 
Os velhos sentados praticam d'outrora, 
E os moços inquietos, que a festa enamora, 
Derramam-se em torno dum índio infeliz. 


Quem é? - ninguém sabe; seu nome é ignoto, 
Sua tribo não diz; - mas de um povo remoto 
Descende por certo - dum povo gentil; 
Assim lá na Grécia ao escravo insulano 
Tornavam distinto do vil muçulmano
As linhas corretas do nobre perfil. 


Por casos de guerra caiu prisioneiro
Nas mãos dos Timbiras; - no extenso terreiro
Assola-se o teto que o teve em prisão; 
Convidam-se as tribos dos seus arredores, 
Cuidosos se incumbem do vaso das cores, 
Dos vários aprestos da honrosa função. 
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Acerta-se a lenha da vasta fogueira, 
Entesa-se a corda da embira ligeira, 
Adorna-se a maçã com penas gentis; 
A custo entre vagas do povo da aldeia
 Caminha o Timbira, que a turba rodeia, 
Garboso nas plumas de variado  matiz. 


Em tanto as mulheres com leda trigança, 
Afeitas ao rito da bárbara usança, 
O índio já querem cativo acabar; 
A coma lhe cortam, os membros lhe tingem, 
Brilhante enduape  no corpo lhe cingem, 
Sombreia-lhe a fronte gentil Canitar.


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BREVE BIOGRAFIA 
Antônio Gonçalves Dias, poeta brasileiro, nasceu em Caxias, Maranhão, a 10 de Agosto de 1823, e faleceu a 3 de Novembro de 1864 no naufrágio do Ville de Boulogne. Foi estudar em Portugal onde fez os preparatórios e o curso de direito na Universidade de Coimbra. Voltando ao Brasil dedicou-se à advocacia que abandonou pouco tempo depois, sendo nomeado lente de história e latinidade no Colégio de D. Pedro II. Era sócio do Instituto Histórico e Geográfico brasileiro e de outras associações literárias. É considerado um dos poetas que mais contribuiu para a libertar a poesia brasileira do classicismo. Escreveu: Primeiros Contos, 1846; Segundos Contos e sextilhas de Frei Antão, 1848; Últimos Contos, 1850; Leonor de Mendonça (drama); Boabdil (drama inédito), 1865; etc. Contribuiu também com memórias muito interessantes para a Revista do Instituto Histórico; O Brasil e a Oceania. 
Nicéas Romeo Zanchett 

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O SEPULCRO E A ROSA -Por Victor Hugo




O SEPULCRO E A ROSA 
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O sepulcro diz à rosa: 
Que fazer tu flor mimosa, 
Do orvalho da alva manhã? 
Diz a rosa à sepultura: 
Que fazer feia negrura, 
De tanta forma louçã? 
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Negra tumba, segue a rosa, 
Eu, dessa água preciosa
Faço aroma que é só meu. 
Diz-lhe a tumba com afago: 
De cada corpo que trago 
Ressurge um anjo no céu .
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Victor Hugo 
Nicéas Romeo Zanchett 
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domingo, 16 de fevereiro de 2014

O SACRIFÍCIO - Da Poetisa Safo - ilha de Lesbos


O SACRIFÍCIO 
 Poetisa SAFO - da Ilha grega de Lesbos 
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Vem, Athis, coroar de infantes rosas
Essa frente engraçada - e as tranças móveis
De teus áureos cabelos, deixa-as soltas
Pelo colo de neve. 
Oh! que amável pudor te anima e cora! 
Vem, colhe com teus dedos melindrosos
Frescas boninas, doces violetas
 De suavíssimo aroma; 
Que vítima de flores coroada, 
Sempre é mais grata aos deuses, Vem: teremos 
 Estas selvas sisudas por altares, 
Onde minha ventura
Me há de elevar aos numes soberanos. 
Enlaça em torno de mim essas grinaldas, 
Reclina-te em meu seio, os olhos belos
Para os meus olhos volve...
Que linda coras! que formosos lábios!
Essa polida tês não cede às flores; 
Não, que a viveza da sua cor brilhante
O esplendor não te ofusca. 

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Nicéas Romeo Zanchett 



sábado, 15 de fevereiro de 2014

O BRASIL - Por Olavo Bilac

Desenho de Romeo Zanchett 


O BRASIL 
Por Olavo Bilac 
Para! Uma terra nova ao teu olhar fulgura!
Detem-te! Aqui, de encontro a verdejantes plagas,
Em carícias se muda a inclemência das vagas...
Este é o reino da Luz, do Amor e da Fartura! 
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Treme-te a voz afeia às blasfêmias e às pragas, 
O' nauta! Olha-a, de pé, virgem morena e pura, 
Que aos teus beijos entrega, em plena formosura, 
- Os dois seios que, ardendo em desejos, afagas...
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Beija-a! O sol tropical deu-lhe à pele dourada 
O barulho do ninho, o perfume da rosa, 
A frescura do rio, o esplendor da alvorada...
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Beija-a! é a mais bela flor da Natureza inteira!
E farta-te de amor nessa carne cheirosa, 
O' desvirginador da Terra Brasileira!
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Pesquisa e postagem 
Nicéas Romeo Zanchett 
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