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domingo, 10 de novembro de 2013

CANÇÃO DOS PIRATAS - Por Lord Byron


CANÇÃO DOS PIRATAS 
Por Lord Jorge Noel Gordon Byron 
(Lord Byron)
.
Sobre as ondas do mar azul ferrete 
Sem limites são nossos pensamentos, 
E como as ondas, nossas almas livres. 
Cobrindo a vaga da fervente escuma 
Nós temos uma pátria! Eis os domínios 
Onde flutua o pavilhão que é nosso, 
Cetro a que devem humilhar-se todos!
Turbulenta e selvagem quando passa 
Da luta ao ócio, em tais alternativas 
A vida para nós tem mil encantos!
Mas estes, oh! quem pode descrevê-los? 
Não será tu, escravo dos deleites, 
Tu, que ao ver-te no cimo inconsciente
Das alterosas vagas desmaiaras! 
Não será tu, vaidoso aristocrata, 
Educado no vício e na opulência, 
Tu, que nem podes repousar no sono, 
nem achar atrativos nos prazeres. 
Oh! quem pode no mundo compreendê-los? 
A não ser o incansável peregrino
Destes plainos que ficam sem vestígios, 
Do qual o coração afeito aos perigos
pula orgulhoso em delirante júbilo 
Quando se vê sobre o revolto abismo! 
Só ele presa a luta pela luta
E espera ansioso a hora do combate. 
Quando o fraco esmorece apenas sente 
No mais profundo do agitado seio
A esperança que vivia desponta
E o fogo da coragem que se acende!
Não nos assusta a morte, oh! não, contanto
Que a nossos pés sucumba o inimigo. 
E contudo mais triste que o repouso
Ainda parece a morte! mas embora, 
Embora, oh! pode vir! ao esperá-la
Vai-se exaurindo a essência desta vida, 
E quando ela se acaba pouco importa! 
Cair pela doença ou pela espada! 
Haja um ente que prese ainda algum resto
De existência senil! viva aspirando
Sobre o leito da dor um ar pesado, 
Erguendo a custo a trêmula cabeça!  
Para nós são as relvas florescentes!
Enquanto essa alma expira lentamente
Foge a toda a pressão dum salto a nossa!
Possa ainda ufanar-se esse cadáver, 
Da cova estreita e do marmóreo túmulo 
Que a vaidade dos seus lhe consagrara! 
São raras, mas sinceras nossas lágrimas, 
Quando o oceano abrindo-se sepulta
No vasto seio os nossos camaradas! 
Ainda mesmo no meio dos banquetes 
Funda tristeza nos rebenta d'alma
Quando a purpúrea taça erguendo aos lábios 
A memória dos nossos coroamos. 
E o seu breve epitáfio é redigido
Ao pôr do sol do dia da batalha, 
Ao dividir as presas da vitória, 
Quando a exclamam os rudes vencedores
Com a fonte anuviada de saudades:
"Ai, de nós! como os bravos que morreram 
Folgariam ditosos nesta hora! 
Lord Byron 

Nicéas Romeo Zanchett 






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