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domingo, 23 de fevereiro de 2014

A CANÇÃO DO REI THULE - Por Goethe


A CANÇÃO DO REI THULER 
Por Goethe 
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Era uma vez um bom rei 
Em Thule - essa ilha distante. 
Ao morrer, deixou-lhe a amante
Um copo de ouro de lei. 
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Era um copo de ouro fino
Todo lavrado a primor; 
Se fosse o cálix divino
Não lhe tinha mais amor. 
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Seus tristes olhos leais
Não tinham outra alegria; 
E só por ele bebia, 
Nos seus banquetes reais. 
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Chegada a hora da morte
Pôs-se o rei a meditar
Grandeza da sua sorte
Seus reinos à beira-mar. 
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Deixava um rico tesouro,
Palácios, vilas, cidades; 
De nada tinha saudades, 
A não ser do copo de ouro .
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No castelo da  devesa, 
Naquelas salas sem fim, 
Mandou armar uma mesa
Para um último festim.  
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Convidou sem mais tardar 
Os seus fieis cavaleiros, 
Para os brindes derradeiros
No castelo à beira-mar. 
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Então, vazando-o de um trago, 
E com entranhada mágoa, 
Pôs nas ondas o olhar vago
E atirou com a taça à água.  
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Viu-a boiar suspendida, 
Até que as ondas a levaram; 
Os olhos se lhe toldaram, 
E não bebeu mais em vida!
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Goethe 
Nicéas Romeo Zanchett 

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